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segunda-feira, 5 de abril de 2010

O VERDADEIRO DESAFIO DO SACERDÓCIO

O VERDADEIRO DESAFIO DO SACERDÓCIO


Mavesper Cy Ceridwen


Quando as pessoas buscam ingressar na Wicca estão preocupadas com uma coisa só:
sua iniciação. Algumas de um ponto de vista menos esclarecido e mais
superficial, se preocupam com iniciação porque é um requisito, do tipo que é
ter diploma de alguma coisa para exercer uma profissão. Outras pessoas, mesmo
quando mais esclarecidas, ainda assim estão focadas na iniciação, mas daí já tem
uma idéia mais clara sobre a Iniciação ser um processo de transformação de
vidas, o marco inicial de uma Vida Sacerdotal.

E as pessoas, mesmo as mais esclarecidas e que vão se tornando praticantes
experientes, quando neófitas acham que o desafio maior é conseguir se iniciar.
Encaram mesmo o rito iniciático como uma colação de grau, algo que se esgota em
si mesmo e da uma qualidade que a pessoa jamais perderá. Será verdade?

Claro que não: o enorme desafio do Sacerdócio se chama CONTINUIDADE, ou seja,
você vai mesmo persistir por toda sua vida nessa escolha de ser uma Sacerdotisa
ou um Sacerdote? Muita gente, muito entusiasmada nos primeiros anos, começa a
perceber que o desafio é grande demais quando as Rodas começam a se acumular.

A primeira coisa que pesa é que SACERDÓCIO É SERVIÇO, contínuo e permanente aos
Deuses, com todas as suas qualidades e o máximo de seus esforços. Nem sempre a
Deusa exige isso todos os dias, mas muitas vezes exige sim, e por grandes
períodos.

Pessoas que têm vocação sacerdotal sabem – ou deveriam saber - que sacerdócio se
traduz em serviço. De muitos tipos e maneiras, mas sempre a inequivocamente
SERVIÇO. Pode ser somente na sua cozinha ou em grandes ritos públicos, pode ser
somente meditando ou tendo vocação para dar aulas... COMO o serviço é feito,
somente a Deusa decide e isso muda de tempos em tempos.

Mas há algo que é comum a toda Sacerdotisa e Sacerdote: uma hora
repetir os ritos toda lunação e sabbats, manter a roda girando,
atender pessoas que nos procuram, servir o tempo todo pesa. A vida
pessoal sofre, o laser é deixado de lado, o ócio é sacrificado, a
convivência familiar diminui.

E não só o tempo que o Sacerdócio demanda é o problema. Há um problema
maior: as vezes a gente desanima. O que antes dava muito prazer –
armar altares, preparar feitiços , fazer meditações – não dá mais
tanto prazer ou parece um fardo. Tudo fica sem graça, tudo parece
difícil e não vemos resultados.

Isso não ocorre só com Dedicados, ocorre até comigo e com gente muito
melhor e mais velha na bruxaria do que eu.

Sabem por que?

Porque “That ‘s Life”.

Porque a Roda da Vida tem CICLOS de desânimo e entusiasmo e nosso
Sacerdócio, como TUDO que existe também tem. Uma hora estamos em cima,
outra estamos embaixo. Como a Deusa me disse certa vez, não é difícil
entendê-la, porque Ela na verdade tem uma só lição A LIÇÃO DOS CICLOS.

Então, quando estamos em baixa de entusiasmo, temos que compreender
que é assim mesmo e persistir, porque a Roda vai girar e nos levará a
outro ciclo de grande prazer com nosso sacerdócio. Basta esperar e
aproveitar as lições e dadivas que o desânimo esconde e que somente
ele pode nos revelar...

Isto é, SE E SOMENTE SE não esquecermos do porquê começamos tudo isso.

Lembra do Chamado? Lembra do dia em que você olhou a Lua e viu nossa
Mãe? Quando olhou a árvore e viu o Green Man pela primeira vez? Olhou
o Sol e viu o Senhor Chifrudo? Lembra?

Em uma fase muito difícil do meu Caminho, lá no começo, uma noite de
esbat eu estava muito triste. Era novembro e eu acabara de sair de um
grupo que amava muito e em que estivera alguns anos. Olhei a Lua na
minha janela do apartamento, cheia e linda, e as minhas coisa
ritualísticas de Ísis sobre a cama esperando o início da celebração do
esbat. Há cinco rodas eu celebrara em grupo, essa seria minha
primeira celebração sozinha.

Tracei o Círculo, muito triste, pensando que o meu antigo grupo estava
começando o mesmo rito naquele horário. Fiz os ritos, orações e
comecei a meditar. Havia programado meditar sobre o sacerdócio, mas na
verdade comecei a ir a uma vida passada , em Roma. Vi a cidade
claramente e me vi fazendo compras de frutas em um mercado,
acompanhada de outras sacerdotisas do templo de Ísis. Vestíamos linho
branco e era escoltadas pela guarda do templo. Lembro do sabor das
uvas pretas e pêssegos, lembro do sol brilhando na casca das frutas,
lembro com nitidez cada recanto e pessoa daquele grande mercado.
Depois, a Visão mudou e me vi menina, de uns 11 anos. Vestida de
branco, com uma toga curta e acompanhada de mais umas quinze meninas
da mesma idade. Entraríamos no Templo pela primeira vez, onde seríamos
recebidas como aprendizes e depois noviças. A instrutora nos recebeu
no pátio externo, e nos conduziu, mas alguma coisa chamou minha
atenção e fui para a direita, enquanto elas entravam com a instrutora.
Ao lado do jardim magnífico com um tanque ao centro, estava uma
estátua de Ísis Menina. Eu a olhava fascinada, porque achava, com
minha visão de criança que Ela era muito parecida comigo mesma. E
quando olhei a estátua, quando meus olhos encontraram os Dela, me
apaixonei perdidamente, me perdi dentro da imensidão que é
Ela...Conheci Ísis pela primeira vez e meu coração se inundou de um
amor indescritível, algo sem comparação, sem rivalidade. Nada podia
ultrapassar aquele sentimento. Amei Ísis desde aquele momento e soube
que toda minha vida seria dedicada a ela com amor. Não havia para mim
maisi nem vislumbre de outro modo de viver.

Nessa hora, escutei a Voz de Ísis e ela me disse: “Lembre-se sempre,
em todo seu sacerdócio, e em qualquer vida, que esteja onde você
estiver e faça o que fizer a única coisa que importa é que você
mantenha no seu coração a consciência desse momento em que você me viu
pela primeira vez e me amou. Se ele nortear sua vida, nada pode estar
errado. Vocês erram ao se afligir sobre entrar ou sair em grupos.
Vocês não estão neles por seu desejo e vontade, mas tão somente porque
é o melhor para mim e meu serviço. E seja sozinha ou acompanhada,
esteja onde estiver se você mantiver no coração seu amor por mim,
nunca errará”.
O verdadeiro desafio do Sacerdócio é esse: seu amor à Deusa e ao Deus
vencerá ano após ano os ciclos de desânimo, preguiça, problemas e
medo? Você os compreenderá e aceitará serenamente ( mesmo reclamando,
porque ninguém é perfeito) como parte de seu serviço e aprendizado?

Que cada um responda com sua vida.

Vivendo por Maat,

Mavesper Cy Ceridwen, que também os Deuses conhecem como
Mirabilis Cy An Kether

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