Texto retirado do site parceiro Bruxaria na Serra
Vale lembrar que, como em nossos outros textos, não defenderemos teses, somente exporemos fatos.
Pois é, nós bruxos cultuamos (sim!) “Deuses” e existem formas diferentes de se cultuar mais de um Deus. Resumindo um pouco essa idéia, temos bruxos:
• Henoteístas, que são os que acreditam que a Deusa é a criadora de tudo e todos, inclusive do Deus Cornífero - que neste caso é seu filho e consorte. Além disso, todas as Deusas e Deuses são, na verdade, faces de uma entidade feminina e outra masculina, que são multifacetadas.
• Politeístas, que acreditam que cada Divindade, seja ela masculina ou feminina, tem sua própria existência, não sendo assim caracterizada como uma face.
• Encontramos várias civilizações antigas que tinham o Politeísmo como forma de culto e sistema religioso. As mais conhecidas delas são: Greco-Romana, Celta, Babilônica, Egípcia, Escandinava, Eslava, Povos Indígenas do nosso continente e o povo nativo Norte Americano. Não podemos nos esquecer de civilizações antigas que ainda hoje cultuam o Politeísmo como, por exemplo, os Hindus.
• Duoteístas. Esta forma de crença consiste em acreditar que a Deusa e o Deus, juntos, criaram o universo e todo o resto. No Duoteísmo, cada um dos Deuses existentes representa uma face específica da Deusa e do Deus – todos eles são, na verdade, a mesma Deusa e o mesmo Deus, apenas representados de formas e com personalidades diferentes.
Nesse caso, a forma do surgimento Deles deriva geralmente da chamada “Teoria do Uno” onde uma entidade masculina e feminina se dividiu em duas ou “deu a luz” ao Divino Feminino e ao Divino Masculino ao mesmo tempo.
A escolha da forma de culto (entre Henoteísta, Duoteísta ou Politeísta) é tão particular quanto a escolha entre as Rodas do Norte ou do Sul. Ou seja, o próprio indivíduo deve sentir e decidir qual delas seguir.
Um fato comum a todos os sistemas mostrados nesse texto é a existência de várias “personalidades” entre os Deuses, sendo que nos sistemas Henoteísta e Duoteísta, essas “personalidades” são faces. No Politeísmo, cada Ser Divino é detentor de sua própria personalidade, sua própria vontade e identidade. Essas faces/personalidades são explicadas através de uma vasta gama de mitos, de diferentes mitologias.
Agora, falaremos especificamente da Deusa e do Deus, sem enfocar uma de suas faces/personalidades em particular.
A Deusa é representada de maneira multifacetada, não só em relação às diferentes mitologias e panteões. Ela é vista como as fases da Lua.
Na Lua Crescente Ela é a Donzela, está no momento de desabrochar. É nessa hora que Ela começa a se aproximar do Deus para, enfim, se tornar Mãe com a chegada da Lua Cheia. Aqui, Ela gera a vida em seu ventre, se tornando plena. Seguindo a seqüência das fases da Lua, na Lua Minguante Ela se torna a Anciã, a sábia, a transformadora.
Não podemos nos esquecer que além dessas fases visíveis, existe também a face Negra da Deusa, que diferente do que muitos acreditam, não é representada pela Lua Nova, e sim pelo tempo que não existe lua nenhuma visível no céu - o oposto exato da Lua Cheia. Durante a Lua Negra, a Deusa manifesta a sua Face Vingadora: é Aquela que vai além da morte para buscar seus inimigos.
O Deus Cornífero é um pouco mais complexo para se explicar, mas segue o mesmo princípio. Suas faces são representadas pelo Sol durante as estações do ano. Dessa forma, seus diferentes nomes estão ligados ao ciclo da Roda do Ano.
O Deus nasce em Yule. O Sol desponta no dia mais frio do ano, “impedindo” assim que o Inverno seja eterno. Nesse momento, Ele é a Criança da Promessa. Após Imbolc, Seu ciclo segue em frente e o Deus se torna, na maioria das crenças, o Deus Azul¹, o Deus do Amor e da Beleza que vaga pelas florestas na inocência, pois ainda não conheceu a sexualidade. Depois, ele se torna o Deus Gamo, o Senhor de tudo, o que é selvagem, é poder e força em toda a sua plenitude. Ele é viril, provedor, é o Grande Amante, é o Grande Condutor da Dança Espiral do Êxtase e se apresenta em sua totalidade em Beltane, durante os ritos do Casamento Sagrado. Esse ciclo é seguido pelo Deus Ancião, que recebe o nome de Green Man, o Sábio, o Senhor dos Grãos, o Deus dos brotos, que cuida da terra, dos frutos e que distribui as sementes.
Resumindo, Eles são muitos e são dois. Ela é uma de dez mil nomes, ou dez mil faces. Ele é um e também tem várias faces e formas, seja no Duoteísmo ou no Henoteísmo.
Vale lembrar também que, no Politeísmo, cada Deusa e Deus são responsáveis por um ramo da existência e existem conflitos, romances, intrigas e amores - o que o torna um sistema extremamente rico e cativante.
Como exemplo da relação que os Homens tinham, e ainda têm, com os Deuses, colocamos abaixo um trecho retirado do livro “Olimpo, a Saga dos Deuses” de Márcia Villas-Bôas.
“— Quíron, como são os Deuses? (...)
— Os Deuses são como os humanos, Jasão, apenas irradiam muita luz, quando querem.
— Mas eles são bons, são meigos ou são amedrontadores?
— São bons e são maus, são meigos e amedrontadores, são justos e injustos, são bonitos e feios, são tolerantes e vingativos. São Deuses, Jasão.
— Eles moram no Olimpo? (...)
— Ali, naquele monte que desaparece em meio às brumas do amanhecer e também no coração de cada Homem e de cada ser da natureza. (...)
— Não entendi Quíron. Como podem os Deuses habitar no Olimpo e, ao mesmo tempo, morar no meu coração, ou no seu, ou no coração de tudo o que existe?
— Acho que você já se esqueceu de tudo o que lhe ensinei. A existência é a mente, Jasão. Você existe onde está a sua mente, sua consciência. E a mente dos Deuses é poderosa, pode estar em qualquer lugar ou em qualquer pessoa, se assim o desejarem. Quando Eles querem, podem interagir com qualquer ser vivente e saber, e sentir, e perceber aquilo que o ser com o qual estão harmonizados sabe, sente ou percebe. E nestes momentos, Jasão, aquele que interage com um deus, se torna Deus também. Porque, da mesma maneira, absorve o conhecimento divino e os sentimentos divinos. (...)
— Os Deuses são ricos, Quíron?
— São muito ricos... São os senhores do mundo. O ser humano apenas administra os bens divinos.”
Então, sinta-se a vontade para escolher o sistema de crenças religiosas que se adequar melhor aos seus sentimentos em relação aos Deuses, afinal cada um deles tem seu charme em particular.
Bênçãos Plenas para todos: Henoteístas, Duoteístas e Politeístas.
_________________________
¹ Não confundir com o Deus Azul Dian Y Glas:
Dian Y Glas, o Deus Azul, é considerado por muitos Pagãos o protetor dos gays. Ele é o Deus que conduz o ser ao reconhecimento do Sagrado dentro de cada um de nós e a aceitação de que o que é "diferente" é bom, pois promove a diversidade, pluralidade e multiplicidade.
Fonte: http://groups.yahoo.com/group/dianyglas/
_________________________
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário