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segunda-feira, 18 de maio de 2009

Divindades

Texto retirado do site parceiro Bruxaria na Serra

Vale lembrar que, como em nossos outros textos, não defenderemos teses, somente exporemos fatos.
Pois é, nós bruxos cultuamos (sim!) “Deuses” e existem formas diferentes de se cultuar mais de um Deus. Resumindo um pouco essa idéia, temos bruxos:
• Henoteístas, que são os que acreditam que a Deusa é a criadora de tudo e todos, inclusive do Deus Cornífero - que neste caso é seu filho e consorte. Além disso, todas as Deusas e Deuses são, na verdade, faces de uma entidade feminina e outra masculina, que são multifacetadas.
• Politeístas, que acreditam que cada Divindade, seja ela masculina ou feminina, tem sua própria existência, não sendo assim caracterizada como uma face.
• Encontramos várias civilizações antigas que tinham o Politeísmo como forma de culto e sistema religioso. As mais conhecidas delas são: Greco-Romana, Celta, Babilônica, Egípcia, Escandinava, Eslava, Povos Indígenas do nosso continente e o povo nativo Norte Americano. Não podemos nos esquecer de civilizações antigas que ainda hoje cultuam o Politeísmo como, por exemplo, os Hindus.
• Duoteístas. Esta forma de crença consiste em acreditar que a Deusa e o Deus, juntos, criaram o universo e todo o resto. No Duoteísmo, cada um dos Deuses existentes representa uma face específica da Deusa e do Deus – todos eles são, na verdade, a mesma Deusa e o mesmo Deus, apenas representados de formas e com personalidades diferentes.
Nesse caso, a forma do surgimento Deles deriva geralmente da chamada “Teoria do Uno” onde uma entidade masculina e feminina se dividiu em duas ou “deu a luz” ao Divino Feminino e ao Divino Masculino ao mesmo tempo.

A escolha da forma de culto (entre Henoteísta, Duoteísta ou Politeísta) é tão particular quanto a escolha entre as Rodas do Norte ou do Sul. Ou seja, o próprio indivíduo deve sentir e decidir qual delas seguir.

Um fato comum a todos os sistemas mostrados nesse texto é a existência de várias “personalidades” entre os Deuses, sendo que nos sistemas Henoteísta e Duoteísta, essas “personalidades” são faces. No Politeísmo, cada Ser Divino é detentor de sua própria personalidade, sua própria vontade e identidade. Essas faces/personalidades são explicadas através de uma vasta gama de mitos, de diferentes mitologias.

Agora, falaremos especificamente da Deusa e do Deus, sem enfocar uma de suas faces/personalidades em particular.

A Deusa é representada de maneira multifacetada, não só em relação às diferentes mitologias e panteões. Ela é vista como as fases da Lua.
Na Lua Crescente Ela é a Donzela, está no momento de desabrochar. É nessa hora que Ela começa a se aproximar do Deus para, enfim, se tornar Mãe com a chegada da Lua Cheia. Aqui, Ela gera a vida em seu ventre, se tornando plena. Seguindo a seqüência das fases da Lua, na Lua Minguante Ela se torna a Anciã, a sábia, a transformadora.
Não podemos nos esquecer que além dessas fases visíveis, existe também a face Negra da Deusa, que diferente do que muitos acreditam, não é representada pela Lua Nova, e sim pelo tempo que não existe lua nenhuma visível no céu - o oposto exato da Lua Cheia. Durante a Lua Negra, a Deusa manifesta a sua Face Vingadora: é Aquela que vai além da morte para buscar seus inimigos.

O Deus Cornífero é um pouco mais complexo para se explicar, mas segue o mesmo princípio. Suas faces são representadas pelo Sol durante as estações do ano. Dessa forma, seus diferentes nomes estão ligados ao ciclo da Roda do Ano.
O Deus nasce em Yule. O Sol desponta no dia mais frio do ano, “impedindo” assim que o Inverno seja eterno. Nesse momento, Ele é a Criança da Promessa. Após Imbolc, Seu ciclo segue em frente e o Deus se torna, na maioria das crenças, o Deus Azul¹, o Deus do Amor e da Beleza que vaga pelas florestas na inocência, pois ainda não conheceu a sexualidade. Depois, ele se torna o Deus Gamo, o Senhor de tudo, o que é selvagem, é poder e força em toda a sua plenitude. Ele é viril, provedor, é o Grande Amante, é o Grande Condutor da Dança Espiral do Êxtase e se apresenta em sua totalidade em Beltane, durante os ritos do Casamento Sagrado. Esse ciclo é seguido pelo Deus Ancião, que recebe o nome de Green Man, o Sábio, o Senhor dos Grãos, o Deus dos brotos, que cuida da terra, dos frutos e que distribui as sementes.

Resumindo, Eles são muitos e são dois. Ela é uma de dez mil nomes, ou dez mil faces. Ele é um e também tem várias faces e formas, seja no Duoteísmo ou no Henoteísmo.

Vale lembrar também que, no Politeísmo, cada Deusa e Deus são responsáveis por um ramo da existência e existem conflitos, romances, intrigas e amores - o que o torna um sistema extremamente rico e cativante.
Como exemplo da relação que os Homens tinham, e ainda têm, com os Deuses, colocamos abaixo um trecho retirado do livro “Olimpo, a Saga dos Deuses” de Márcia Villas-Bôas.
“— Quíron, como são os Deuses? (...)
— Os Deuses são como os humanos, Jasão, apenas irradiam muita luz, quando querem.
— Mas eles são bons, são meigos ou são amedrontadores?
— São bons e são maus, são meigos e amedrontadores, são justos e injustos, são bonitos e feios, são tolerantes e vingativos. São Deuses, Jasão.
— Eles moram no Olimpo? (...)
— Ali, naquele monte que desaparece em meio às brumas do amanhecer e também no coração de cada Homem e de cada ser da natureza. (...)
— Não entendi Quíron. Como podem os Deuses habitar no Olimpo e, ao mesmo tempo, morar no meu coração, ou no seu, ou no coração de tudo o que existe?
— Acho que você já se esqueceu de tudo o que lhe ensinei. A existência é a mente, Jasão. Você existe onde está a sua mente, sua consciência. E a mente dos Deuses é poderosa, pode estar em qualquer lugar ou em qualquer pessoa, se assim o desejarem. Quando Eles querem, podem interagir com qualquer ser vivente e saber, e sentir, e perceber aquilo que o ser com o qual estão harmonizados sabe, sente ou percebe. E nestes momentos, Jasão, aquele que interage com um deus, se torna Deus também. Porque, da mesma maneira, absorve o conhecimento divino e os sentimentos divinos. (...)
— Os Deuses são ricos, Quíron?
— São muito ricos... São os senhores do mundo. O ser humano apenas administra os bens divinos.”

Então, sinta-se a vontade para escolher o sistema de crenças religiosas que se adequar melhor aos seus sentimentos em relação aos Deuses, afinal cada um deles tem seu charme em particular.

Bênçãos Plenas para todos: Henoteístas, Duoteístas e Politeístas.
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¹ Não confundir com o Deus Azul Dian Y Glas:
Dian Y Glas, o Deus Azul, é considerado por muitos Pagãos o protetor dos gays. Ele é o Deus que conduz o ser ao reconhecimento do Sagrado dentro de cada um de nós e a aceitação de que o que é "diferente" é bom, pois promove a diversidade, pluralidade e multiplicidade.
Fonte: http://groups.yahoo.com/group/dianyglas/
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